Exposição do Museu da Língua Portuguesa que retrata a história e a diversidade do idioma esteve em Portugal depois de passar por países da África e também pelo Brasil.
Período: 06/10/2018 – 21/10/2018
A exposição itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, que propunha diálogos e trocas com os falantes da língua portuguesa no mundo, esteve em Lisboa, Portugal, entre os dias 6 e 21 de outubro de 2018.
A exposição também percorreu países da África onde se fala português ao longo de 2018 (Cabo Verde, Angola e Moçambique). Também foi montada no Brasil, com estreia na 16ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty.
Com consultoria de conteúdo do compositor, escritor e professor de Literatura brasileiro José Miguel Wisnik, e da socióloga e cineasta Isa Grinspum Ferraz, o conteúdo fez um passeio pela presença da língua portuguesa no mundo – atualmente cerca de 260 milhões de pessoas falam português nos cinco continentes –, abordando o contato com outros idiomas e a importância da língua portuguesa na formação cultural brasileira.
Duas experiências audiovisuais apresentavam o acervo do Museu da Língua Portuguesa. A Praça da Língua reproduzia a experiência-símbolo do Museu, uma instalação imersiva com pérolas da criação artística no idioma, compondo um mosaico de músicas, poesias, trechos literários e depoimentos. A área Música e Culinária, por sua vez, abordava a relação entre língua, identidades e culturas.
Em seu conteúdo, a exposição acompanhava a expansão do idioma a partir dos roteiros da navegação portuguesa: no título, a referência aos “nós” da navegação, aos “nós” de união entre os falantes e também aos “nós” de embaraço nas relações, a partir de questões como a colonização.
Uma programação cultural diversa e exclusiva foi organizada para cada país. No Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) de Lisboa, com curadoria de Mirna Queiroz, editora da revista Pessoa, foram promovidas mesas literárias, oficinas culturais, sessões de filmes e apresentações de livros de autores contemporâneos de língua portuguesa.
Já no espaço chamado Cápsula, o visitante foi convidado a gravar em vídeo seu depoimento sobre sua relação com o idioma: os testemunhos passarão a fazer parte do acervo do Museu da Língua Portuguesa, quando da sua reabertura.
PROGRAMAÇÃO CULTURAL
Mesa literária: Jogo de Imitação
Com os autores Bruno Viera do Amaral, Golgona Anghel e Luís Cardoso de Noronha. Mediação: José Mário Silva
Numa comunidade formada por nove países em que o português está em contato com mais de 300 línguas autóctones, como a literatura faz e desfaz os seus nós? O confronto dos repertórios linguísticos, temáticos e estéticos permite traçar as afinidades, influências ou contrastes no cenário literário de língua portuguesa. Com autores que incorporam nas suas obras referências ao vasto universo cultural dessa comunidade, o encontro discutiu o impacto que autores de um país exercem sobre os de outros e os processos de metabolismo ou de rejeição de elementos alheios.
Workshop de ready-mades, criação literária baseada na apropriação de palavras alheias. Com João Concha, editor, arquiteto, ilustrador. Noção geral do conceito de ready-made, as principais influências desse movimento e de sua relação com as técnicas atuais, como as digitais, na radicalização da experiência com a linguagem. Em seguida, os participantes produziram seus próprios trabalhos.
Mesa literária: Gramática do devaneio
Com os autores Ana Kiffer, Dulce Maria Cardoso e José Riço. Mediação de Mariana Oliveira
Desejos, fantasias, medo, culpa, pulsões de vida e de morte atravessam a literatura dos convidados dessa mesa. E como tratam esses temas? Com as vísceras expostas da linguagem, instaurando um novo léxico? Os autores analisaram como apresentam ou representam a descida às zonas do corpo e do consciente dos seus personagens sem cair nas armadilhas da condenação moral ou do registro abjeto.
Sessão de leitura (close-reading)
Com o poeta, professor e crítico literário António Carlos Cortez
O autor se debruçou sobre cinco poemas de autores de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Após a leitura, seguiu-se o comentário a cada poema lido e, no fim da sessão, música, para o público comparar como a apropriação musical da poesia pode revelar aspectos menos óbvios dos sons e sentidos dos poemas. Foram lidos os poemas: “Os três mal amados”, de João Cabral de Melo Neto (Brasil); “Dentro da vida”, de Gastão Cruz (Portugal); “A mão”, de Conceição Lima (São Tomé e Príncipe); “Querem-me à guerra”, de Mbate Pedro (Moçambique); “Comigo me desavim”, de Francisco Sá de Miranda (Portugal).
Seminário A língua portuguesa em fluxo
Painel 1
Crioulos de base portuguesa: génese e geografia
Hugo Cardoso (Universidade de Lisboa)
Transfusões lexicais entre o português e outras línguas do mundo
Ivo Castro [ou Esperança Cardeira] (Universidade de Lisboa)
Painel 2
Os mo(vi)mentos da língua: práticas e lugares da língua em contextos da diáspora portuguesa
Maria Clara Keating (Universidade de Coimbra)
A emoção da língua: o português como elo identitário e cultural nos círculos da emigração
Elsa Lechner (Universidade de Coimbra)
Cine CPLP, exibição de filmes, com sessões seguidas de debate
Com Cláudia Clemente: Exibição do filme “O dia em que as cartas pararam” (Portugal).
A autora e realizadora falou da experiência de transpor o livro para a linguagem cinematográfica, as perdas e ganhos nesse processo e o impacto na recepção das duas obras.
Com Léa Teixeira. Mediação de Ana Sousa Dias. Exibição do filme “A felicidade de Margô” (Brasil). Panorama da produção e co-produção cinematográfica no espaço lusófono. Léa Teixeira falou sobre a captação de apoios para o Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, estratégias de alargamento do circuito de exibição, de atração do público e dos principais resultados e desafios do setor de audiovisual e do recorte em torno da língua.